Batido o martelo

Minha cabeça deu multiplos nós nessas duas últimas semanas. Nunca dormi tão pouco nem tive sonhos tão malucos, mas depois de toda essa tormenta e depois de consultar as duas opiniões que mais me importavam, a minha sócia e o meu irmão, eu decidi ir embora de Porto Alegre.

A vida por aqui tem sido uma luta, uma correria sem fim. Semana passada eu conversava com a minha irmãzinha e dizia: "Vitória, eu não tenho memória visual do Vicente no primeiro ano". É horrível, mas é verdade, eu não tenho. Voou.

Não lembro qual foi a ultima vez que eu sai sozinha com o meu marido, provavelmente foi na gravidez, por que depois que eu tive o meu fiho, nós nunca mais fizemos nada juntos.

Eu quis muito estar em Porto Aegre. Quando eu morava em Novo Hamburgo, em Santa Cruz, no Rio de Janeiro... Eu sempre sonhei muito com isso. Mas eram outras épocas. Eu sonhava com coisas que hoje já não me preenchem: festas, lugares, pessoas, ruas... Hoje se tu me perguntares o que eu realmente quero, eu vou te responder: quero namorar o meu marido, quero sair pra beber uma cerveja, quero ter um tiquinho de tempo pra mim, pra fazer aquelas coisas absolutamente bobas, como manicure, pedicure, tomar um café com uma amiga, poder passar o dia inteiro preparando uma jantinha de sábado... Viajar, dançar. E quero fazer tudo isso tranquila, sabendo que meu pequeno está tão bem cuidado quanto estaria comigo.

Ontem a noite meu marido saiu e me trouxe uma revista de decoração e nós fizemos planos e demos risada e sonhamos um pouco. E é exatamente isso o que eu vou buscar no interior. Um interior muito próximo daqui, é verdade. Vou buscar um pouco de sonho, por que ha exatos três anos meus pés estão tão fincados no chão que eu não me permito sonhar.

E vai ser lindo. E eu vou ter espaço pra fazer comidas bonitas e tempo pra viver de verdade. E é aqui pertinho, não vai me impedir de fazer alguns trabalhos em Porto Alegre, nem de vir ao Mercado Publico me abastecer daquelas coisas que eu tanto amo. Em janeiro lá vou eu!