Bourdain, pra começar muito bem a semana

Já coloquei isso no blog. Há quase um ano. Mas eu nunca me canso:

"Você vai precisar de um coração puro, e de uma alma, o que significa que está cozinhando por motivos nobres.

Não fique colecionando receitas ou copilando idéias resultantes de almoços e jantares. É preciso ter prazer em cozinhar. Se existe um grande pecado no universo culinário é o pecado da frescura. Se você é do tipo que se aflige por que caiu um pingo de gordura na sua roupa, tem nojo de lidar com ossos, cabeças de peixe e miúdos, não vê o alho com muita simpatia ou é enjoado demais com comida, ponha este livro na estante ou vá trocá-lo na livraria (acho que até essa altura ele continua limpinho). Ele não foi feito pra você. Compre outro livro de culinária com montes de fotos bonitas.

Você tem de ter paixão, curiosidade e disposição para experimentar novos sabores e temperos. Para ansiar por um bom resultado.

Os apetites e entusiasmos dos chefs raramente ficam restritos à comida. Desconfio muito de qualquer cozinheiro que só pensa em comida, deixando de lado prazeres como sexo, música, cinema, viagens e VIDA. Anos atrás, quando eu jantava com uns amigos num dos "melhores" restaurantes do país, depois de muitos pratos bonitos e bem decorados, mas estéreis, encostamos nas cadeiras, curiosamente insatisfeitos. Fiz uma careta e falei que não conseguia captar o que havia de errado com aquela comida. Um dos meus companheiros sugeriu que o chef "cozinhava como alguém que nunca havia transado na vida".

É preciso amor".

Les Halles; A. Bourdain