Uma lista

Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço.” Italo Calvino, Cidades Invisíveis

De tempos em tempos, meu sono se vai. Nessas fases eu sempre leio/folheio os mesmos livros... Mann, Calvino, Camus, Huxley... E fico meio perdida, parece que eu tropeço em mim mesma e sinto saudade de coisas e situações que eu nunca mais vou ter de volta.
De tempos em tempos morar no meio do mato e ter uma cozinha espaçosa e ensolarada vira idéia fixa. Nessas horas parece que meu apartamento me sufoca.
E penso em ter mais filhos, uma menininha chamada Cecília e um menininho chamado Martin. E acho que seria uma pessoa muito feliz se pudesse passar os meus dias fazendo minhas comidas e cuidando das minhas crianças.
E nessas horas eu queria dizer pro Fausto, que quando ele se afasta, eu sou menos feliz. Queria pedir pro Zac multiplicar todos os "eu te amo" por mil, ou dois mil, por que nunca vai ser o suficiente. E queria congelar aquela carinha tranquila do Vicente dormindo. Ah, eu queria também que Santa Cruz fosse aqui ao lado, pra alcançar o almoço pra minha mãe todos os dias e fazê-la rir mais vezes.
Eu queria também que a vida não embrutecesse as pessoas. Queria, do fundo do meu coração, que elas entendessem que a gente escolhe o que fazer com as nossas feridas. Não precisa ser ruim. A gente sente, absorve algo e larga o resto.

Enfim, as vezes um blog culinário também se presta ao desabafo.