As coisas que se perdem

Eu e meu marido presenciamos uma briga de senhorinhas sábado no ponto de onibus do Mercado Público. Foi uma coisa assustadora, chegou uma velhinha reclamando, depois mais outra e uma terceira mega de bem com aaa vida. O onibus atrasou, as velhinhas reclamonas começaram a urrar, a terceira tentou argumentar e em segundos o barraco estava formado.

Mais ou menos uma hora depois eu vou ao Supermercado Nacional, quase ao lado da minha casa. Os corredores são apertados, mas meu filho gosta dos carros que acomodam crianças. Iniciou-se uma perseguição doida de um baixinho para com a minha pessoa. Sabe aqueles baixinhos musculosos, marrentos? Esse mesmo. O cara reclamou do meu carrinho, passou na minha frente na fila, fez cara feia pro meeu filho... Isso tudo sem eu dizer um ai.

Voltei pra casa achando que tinha esgotado a cota de grosserias do final de semana. Aí eu recebo uma ligação furiosa pra combinar algo pro outro dia. Eu fiquei pensando: gatinha, ta nervosa? ta de mau com a vida? Vai meditar, vai ler um livro, vai cuidar da tua vida... Não me liga, não enche meu saco.

Cara, o que há com as pessoas? Problemas, as pessoas tem problemas. Jura? Minha nega, se eu te contar metade dos meus problemas tu vais de chorar de querer cortar os pulsos.

O problema não é a vida corrida, nem a falta de grana, nem o pouco lazer ou o muito trabalho. O problema é que as pessoas se deixam embrutecer. Elas azedam igual vinagre.